Vivemos à margem, nas margens...

Vivemos à margem, nas margens...

Este é o pedaço de território onde queremos partilhar as nossas aventuras ao longo do comprido rio que temos vindo a seguir. Dois olhares diferentes, duas vistas distintas, mas sempre guiadas pelo mesmo farol...

sexta-feira, 21 de março de 2014

Crónicas de Nada: O leão, a bruxa e a VISITA QUINZENAL.

O ódio ao meu patrão teve o seu expoente máximo não antes nem imediatamente depois de ter decidido não renovar o contrato. Não. Foi quando fui à Apresentação Quinzenal pela primeira vez.

O processo no Centro de Emprego, para mim, foi até relativamente simples e rápido, mas fui informada de que as Apresentações Quinzenais teriam de ser num estabelecimento mais perto da minha casa. Excelente. Menos despesa e mais rapidez.

Ora, uma Apresentação Quinzenal é a entrega de um papelinho e troca de outro com uma nova data, juntamente com uma senha e o nosso BI a uma senhora atrás de um guiché que diz "Bom dia, só um momento", retira-nos as coisinhas da mão, fecha a janelinha do guiché, passados 10 minutos abre a janelinha do guiché e devolve-nos um papelinho com uma nova data. Feito. Mas este ritual tem muito que se lhe diga:

A) De 15 em 15 dias tenho de me deslocar a uma fila substancial de gente para renovar um papel? 15 em 15 dias? Conheço presos em liberdade condicional que se apresentam com menos frequência e que o fazem por videochat no skype! Sim, porque o meu círculo de amigos é desses! Há problema?

B) A senhora do guiché, quando me entrega o papelinho diz sempre "Bom fim-de-semana". Muito educada, mas hoje é Segunda-feira. Será que por estar desempregada sou considerada como estando numa espécie de fim-de-semana contínuo, em que a inactividade da pessoa é que define o dia da semana? Assim, sendo, se o correio não vier é automaticamente Domingo? E é domingo para mim, apenas, ou todo o Universo se reprograma e condiciona ao meu dia?... *Dor de cabeça* Além disso, quem diz que estou inactiva? Não estar empregada não significa que não esteja a estudar, por exemplo e, para muito, também não significa que não estejam a trabalhar e a receber salários chorudos.

C) Ao estar numa fila para a Apresentação Quinzenal fica automaticamente e obrigatoriamente habilitado a receber conversas muito pouco animadas, sobre Governo, salários e queixumes vários sobre a actualidade nacional. Se tentar enfiar a testa no seu livro e ignorar a 20ª vez que ouve o mesmo, vai ser olhado de lado pelos seus pares. Não podemos fugir ao facto de que quando se está numa fila daquelas temos de estar muito deprimidos, de preferência com tosse, e capazes de queixar ad infinitum. Recomendo que façam sempre aquecimento de voz antes de saírem de casa.

D) Há qualquer coisa em acordar às 7h da manhã para tirar uma senha e regressar às 10h para a chamada dos números, que faz com que os indivíduos não se arranjem, nem penteiem o cabelo, não lavem a cara, nem coloquem perfume. Eu faço o mesmo. É liberador. É bonito (palavra certa) ver um quadro destes: gente que sabe que depois de sair dali, não tem para onde ir, e vai enfiar-se na cama, e portanto, vestiu-se de forma a ter o mínimo trabalho de tirar roupa quando chegar a casa. Já vos disse que estou a escrever isto na minha cama?

E) Há toda uma hierarquia na fila do centro de emprego: os que se levantam cedo, tiram a senha às 8h da manhã, quando o estabelecimento abre, e vão às suas vidas e regressam às 10h para a chamada com as melhores senhas. E os que aparecem às 10h e começam a tirar senhas a essa hora. Normalmente, os primeiros são olhados de lado pelos segundos. Como se tivéssemos todos cheios de pressa. Novamente, nada que um bom livro não resolva. 

F) E finalmente, como sou uma mulher cheia de sorte, o meu local de Apresentação Quinzenal funciona num Lar de Idosos. Perdão, Centro de Dia. Portanto, de vez em quando lá aparece a desempregada divertida que acha que é muito complacente e diz a uma velhinha "bom dia, menina! está muito jovem hoje" e a velhinha sorri. Chega uma próxima velhinha e a desempregada diz "olhem outra menina! Bom dia!" e a velhota responde "Mas eu sou alguma atrasada mental?" Ah... Adoro pessoal da terceira idade.

P.S.: E a ementa do Centro De Dia que está sempre exposta para deixar a fila faminta? Gosto especialmente quando leio "Prato de Carne: Panados de Frango com Esparguete" e depois sigo para a Dieta e diz, de forma muito saudável "Panados de Frango com salada". Pois, como se o esparguete fosse mais problemática que o panado frito em farinha e ovo.


quinta-feira, 13 de março de 2014

Coming out to friends

Recentemente a T.S. contou a algumas amigas mais próximas a nossa relação. Elas ficaram muito orgulhosas da sinceridade dela e, como já me conhecem, ficaram ainda mais felizes.

Entretanto já nos vimos todas, algumas vezes, e tenho de dizer que sinto a amizade da T.S. com as suas companheiras mais fortalecida e, até eu, que não sou "amiga directa", sinto amizade e carinho pelo pequeno grupo.

Vejo o orgulho nos olhos delas, quando olham para a T.S e noto o sorriso no canto dos lábios quando nos observam.

No mínimo, a experiência tem sido libertadora e de crescimento. Sinto-nos mais próximas uma da outra e sinto-me mais próxima da "tua" vida. E gosto dela. Gosto de fazer parte dela. E sinto que ela gosta de fazer parte de mim. O que antes parecia assustador ou forçado, nada mais é agora do que natural.

Mas mais que isto, tenho muito orgulho em ti, na maneira como vais aprendendo a lidar com as coisas, e nos Amigos que fazes.

Obrigada por me incluíres, ao teu tempo e maneira.

E para todas as vezes que duvidas:



E a tod@s vós... força.... que bem que sabe.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Benfas



Ontem fui pela primeira vez ver um jogo de futebol a um grande estádio, neste caso ao Estádio da Luz. Aproveitando o desconto do dia da mulher, juntei um grupo de cinco benfiquistas-fêmea extremamente atraentes, para ir ver o Benfica-Estoril. Levei mais um outro ser vivo que, apesar de também ser extremamente atraente, não é benfiquista: a minha namorada. Acontece que a A.G. pertence a uma espécie rara que se autodenomina "sem clube". No entanto, em alguns momentos também é possível observar a criatura dizer-se Portista. De facto, apesar desta pequena confusão de identidade, a A.G. vibrou com o jogo tal como todas nós.
Mas o que interessa mesmo, é que esta foi uma experiência que valeu muito a pena e que recomendamos (ainda para mais com bilhetes a 7,5€, para as damas). Sente-se realmente uma emoção diferente ao estarmos rodeados por 57 mil pessoas e num estádio tão bonito.

Benfica 2 - 0 Estoril